Todos nós queremos uma nação ética, mas nem
percebemos que no dia a dia praticamos a falta dela frequentemente ou pelo
menos uma vez a fizemos. A falta de ética não está somente no político que se
apropria de dinheiro público em benefício próprio, mas no motorista que para em
fila dupla no trânsito já tumultuado. A falta de ética não se resume aos que
fazem coisas ilícitas para o seu próprio bem, mas no cidadão que compra ou
falsifica uma simples carteira de estudando para pagar meia. A falta de ética
não está somente nos formadores de quadrilha e feitores de conchavos para
enriquecimento ilícito, mas também está presente na atitude de quem estaciona
na vaga do idoso, sem ter esse direito legal. A falta de ética não está somente
nas licitações fraudulentas, mas também está no cidadão que vive fugindo da
polícia de trânsito por estar dirigindo sem carteira de habilitação ou com a
documentação do carro irregular. A falta
de ética não está apenas no elemento que desvia verbas da merenda escolar para
investir em carros importados e mansões luxuosas e bilionárias fora do país. A
idéia de que existem pessoas que valem menos ou nada, a idéia de que há serem
humanos merecedores de luto e outros que não mereçam luto é anticristã e
antiética. Essa seleção que fazemos das pessoas que trabalham, possuem família,
são do bem e geradoras de riqueza (caso da maioria absoluta) tem haver com a
tradição trazidas pelos senhores dos tempos da escravidão, que até hoje lutamos
para derrotar o conceito daqueles que imaginam estarmos vivendo naquele tempo.
A falta de ética pode sim estar presente em vários contextos, ainda que
insignificantes como o furto de um simples lápis, de um estacionamento na vaga
para portadores de necessidades especiais, na apropriação indevida ou nos
pequenos roubos. O duplo discurso que diferencia a apropriação indébita de
objetos de pequenos valor e do desvio de milhões, é o maior exemplo da falta de
ética que tanto combatemos. Ética é Ética, independente de valores financeiros
ou sociais. Quaisquer pontos da barbárie presenciada, como todas as que estamos
assistindo no Brasil, tem um significado nefasto: a falência da ética e isso
não podemos permitir. Não cabe a nós a exigência da implantação do paraíso do
País diante de tanto desgaste da política brasileiro e dos seus comandantes,
mas queremos que seja possível imaginar uma nação melhor e menos desigual. A prática da ética é a única capaz de mudar o
meu universo, o meu espaço, a minha rua e as pessoas próximas a mim. A prática
da ética é a única capaz de tornar a vida viável para todos e capaz de promover
a melhor convivência. Neste momento estamos num desafio enorme. Em época de
abundância econômica não se discute a ética pois todos os acontecimentos
tornam-se menos relevantes, porém os tempos de crise escancaram a falta de
ética. O Brasil grande, diverso, com mais de 200 milhões de habitantes, com
tradição histórica e política e principalmente uma nação de gente do bem. As
pessoas querem um pais mais justo e uma nação mais ética. Precisamos dar o
primeiro passo de uma longa caminhada que é apurando o nosso senso de discernir
e escolher pessoas probas e com um histórico de vivencia baseado na ética e na
moral. Foram décadas de discursos inflamados e falsos. Que eles sejam
substituídos por discursos que digam sim ao crescimento, a qualidade de vida, a
mais oportunidades, a menos desigualdades e a tempos de ética e probidade. Que
todos os culpados possam pagar pelos erros e devolver tudo o que foi subtraído
do erário e principalmente que essa gente, jamais seja esquecida pelo povo, o
mesmo povo que a levou a poder. O mesmo povo que quer oportunidades e não
esmolas.