Desde quando me conheço por gente, bastar falar em viajar e já vinham os pensamentos de mal estar. O problema era tão grave que em muitos momentos bastava o cheiro do ônibus para desencadear a chamada ânsia de vômito. Durante muitos anos, não compreendia os sintomas. Por que uns passavam mal e outros não? Muitos anos depois, o problema continua com menor intensidade, mas continua. Esta semana, fiz uma viagem relativamente longa. Foi de ônibus após muito tempo sem estar em um. A viagem de ida Londrina Balneário Camboriú foi relativamente tranquila pois estava muito cansado da correria do dia e acabei dormindo boa parte da viagem. Na volta de Balneário vim durante o dia. Estava sentado na frente, na parte de cima. Num dado momento foi ao toilette me sentindo bem e voltei para a poltrona uma outra pessoa, absolutamente mal com enjoo, calafrios, calorão, coração acelerada e com aerofagia. Foi um suadouro e eu me concentrando para não ter a situação agravada a ponto de ter vômitos. Ao longo dos anos, foram muitas histórias assim, algumas delas até engraçadas. É mais comum do que a gente pensa, as pessoas sofrerem de náuseas , tonturas e até vômitos em viagens. Embora essas complicações tenham nome e tratamento específico o melhor deles que é a fisioterapia labiríntica é algo difícil de encarar. A maioria prefere continuar convivendo com o problema, evitando situação que podem causar cinetose como os solavancos, acelerações, desacelerações e movimentações rítmicas ou bruscas que acontecem durante as viagens principalmente de ônibus, de carro nos casos do carona e passageiros do bando de trás, navio, avião, barco, trem e outros veículos que não nos proporcionam previsão de movimento. Muitos não sabem mas, o órgão responsável pelo movimento é uma extensão no nosso sistema auditivo e possui uma estrutura chamada vestíbulo, popularmente conhecida como labirinto. Esse órgão tem três canais em formato de semicírculo, todos preenchidos com um líquido viscoso denominado endolinfa. O interior desses canais é revestido por células com diversos cílios ligadas a terminações nervosas, que estão em contato com nosso sistema nervoso central. Os movimentos que nossa cabeça sofre durante os movimentos sem previsão nas viagem provocam o deslocamento desse líquido, desviando os cílios e gerando impulsos elétricos que chegam até o sistema nervoso central. Nosso sistema nervoso, por sua vez, responde a esses impulsos com a sensação de náusea, podendo a pessoa sofrer enjoos e em casos mais graves vômitos. Os especialistas chamam isso de "vestibulopatia" temporária, cinetose ou Mal do movimento. Esse estímulo pode até gerar uma inflamação no órgão do equilíbrio, intensificando os sintomas e causando uma espécie de labirintite. O meu distúrbio foi uma VPPB (Vertigem Postural Paroxística Benigna), quando há deslocamento dos cristais do labirinto. A cura se dá por meio de manobras. Quanto maior a irritativa mais sensibilidade aos movimentos. Quanto menos previsão de movimentos, mais aumentam as chances de passar mal. O problema chega ao fim somente quando os conectores do cérebro reconhecerem que os movimentos sentidos são normais. Por isso a fisioterapia labiríntica é importante. Para aqueles que conhecem fazê-la em proporções geométrica a partir do 1/2/4/8/16/32 e assim sucessivamente, certamente ao longo de 6 meses, estará liberto do problema. Para os que não conseguem, resta ficar como eu. Evitando movimentos em que o cérebro desconhece e correndo o risco de passar mal vez ou outra. No meu caso a gravidade é tanta que sequer consigo assistir a uma corrida de fórmula 1 por mais de 3 minutos. Filme em 3D? Nem pensar. Dançar, girar, fazer movimentos bruscos, agachar e levantar de uma vez, brinquedos de corridas virtuais, jamais. Se você é hipersensível a movimentos lembre-se que a sua liberdade está na fisioterapia ou se acostumando a passar mal sempre que houver uma série de movimentos sem previsão lógica e real.