Até onde vai essa onda de violência contra as mulheres. Por que? Homens agridem mulheres gratuitamente pra que? Apesar do rigor da lei, os casos continuam.
A violência contra as mulheres é uma questão grave e complexa que persiste em muitas sociedades ao redor do mundo. É importante reconhecer que não há uma única resposta para essa pergunta, pois as motivações por trás da violência podem variar de acordo com diferentes contextos culturais, sociais e individuais. No entanto, algumas razões comuns que podem contribuir para essa onda de violência incluem:
Desigualdade de gênero: A violência contra as mulheres está enraizada em estruturas sociais desiguais e na persistência de estereótipos de gênero prejudiciais. A sociedade muitas vezes perpetua normas que colocam as mulheres em posições de submissão e inferioridade em relação aos homens, criando um ambiente propício para a violência.
Cultura do machismo: A cultura patriarcal e o machismo são fatores que contribuem para a violência contra as mulheres. A ideia de que os homens têm o direito de controlar, dominar e até mesmo punir as mulheres é prejudicial e perpetua a violência de gênero.
Falta de educação e conscientização: A falta de educação sobre igualdade de gênero e o respeito mútuo pode levar à perpetuação de comportamentos violentos. A conscientização e a educação são fundamentais para desafiar e mudar as atitudes e crenças que sustentam a violência contra as mulheres.
Impunidade e falta de apoio às vítimas: A impunidade dos agressores e a falta de apoio às vítimas de violência podem contribuir para a continuidade desses atos. É essencial que as leis sejam aplicadas de maneira efetiva, que as vítimas recebam o apoio necessário e que existam serviços e recursos disponíveis para ajudá-las.
Problemas de saúde mental e uso de substâncias: Em alguns casos, problemas de saúde mental, abuso de álcool e drogas podem estar associados à violência contra as mulheres. Esses fatores podem influenciar comportamentos violentos e aumentar o risco de agressão.
É importante lembrar que a violência contra as mulheres não é inevitável e não deve ser tolerada. A luta contra a violência de gênero requer ações coletivas e individuais, incluindo a educação, a conscientização, a promoção da igualdade de gênero, a implementação de leis eficazes, o apoio às vítimas e o envolvimento de toda a sociedade na mudança de atitudes e comportamentos prejudiciais.
O local mais inseguro para a mulher brasileira vítima de violência é a própria casa. E o agressor está dentro do ambiente doméstico: 76% das agressões são cometidas por conhecidos (namorado, cônjuge, companheiro, vizinho ou ex). A violência é também silenciosa: entre as que sofrem violência, metade (52%) se calou e não fez nada. Somente 15% procuraram ajuda da família e 10,3% buscaram uma delegacia da mulher.
A pesquisa Violência Contra as Mulheres, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ouviu 2.084 pessoas nos dias 4 e 5 sobre situações vividas por elas nos últimos 12 meses no País. Na 2 .ª edição, o estudo descreve impactos e o perfil de vítimas de violência física e psicológica.
"O espaço doméstico não é seguro para boa parte das brasileiras", diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum. "É seguro para o agressor, onde se sente mais à vontade para agredir que na rua", afirma. "Tampouco o espaço público é seguro para a mulher, onde ela sofre assédio. Temos falado muito de violência em balada, em carnaval, em festas em si, mas a mulher está sendo assediada no transporte público, indo para o trabalho, voltando da escola e da faculdade."
Em 2018, por hora, ao menos 1.826 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil. Ao todo, foram 16 milhões de brasileiras (27,4%) que sofreram algum tipo de violência. A maioria foi vítima de ofensa verbal, como insulto, humilhação ou xingamento. Entre as que mais relatam agressões estão as jovens de 16 a 24 anos.
O total de vítimas de assédio é ainda maior: 22 milhões das brasileiras com 16 anos ou mais relatam ter sofrido algum assédio em 2018. Vítimas com ensino médio e superior relatam mais terem sofrido algum tipo de assédio do que aquelas com fundamental. O caso mais comum (32,1%), citado por 19 milhões delas, é de comentários desrespeitosos na rua.
O fato de mulheres com mais escolaridade se dizerem vítimas de assédio em maior número tem a ver com o "reconhecimento da violência", segundo Samira. "O mesmo se dá com a faixa etária. Pode ser que, de fato, as jovens experimentem mais violência do que as mais velhas, mas também pode ser que as jovens estão muito menos tolerantes à violência."
Em 2018, ao menos 4,7 milhões sofreram agressão física, chute, batida ou empurrão _ 536 casos por hora. Na pesquisa de 2017, eram 503 a cada hora. Também no ano passado, ao menos 4,6 milhões foram agredidas fisicamente por motivos sexuais, o que se enquadra na nova lei de importunação sexual.
Percepção
Em 2017 e no ano passado, homens e mulheres foram questionados se haviam visto, nos últimos 12 meses, casos de violência contra a mulher no seu bairro ou na comunidade. Em 2018, 59% da população disse ter visto ao menos uma. Em relação a 2017, houve queda de 10%. Já a percepção da própria vítima se manteve entre as pesquisas. Questionários foram aplicados só às entrevistadas, que apontaram os tipos de violência: de ofensa verbal a espancamento, de ameaça com faca ou arma de fogo, até empurrão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.