Considero-me
um pouco chato quando o tema é cinema, especialmente de filmes baseados em
obras literárias densas. Mas, não sei se baseado num momento ímpar de vida, a
qual tenho vividos nos últimos tempos, ficou profundamente feliz com A Cabana.
Deixando de lado a questão “Vida após a morte, que ficou bem clara, quero crer
que a mensagem foi ao encontro do coração de tantos quantos tiveram a chance de
assistir ao filme. Só para nos situarmos.
A
Cabana conta a história de uma menina que foi assassinada durante uma viagem em família,
Mack Phillips (pai) entra em depressão profunda e passa a questionar suas
crenças no desejo de saber a razão do acontecido, tendo em vista que o
desaparecimento da menina deu-se justamente num momento em que estava realizado
um enorme bem, salvando a vida de um menino que estava a beira da morte, num
lago, quando o barco emborcou com a menino embaixo e por culpa da filha de Mark.
Em
meio a uma crise de fé, muito comum a todos nós, ele recebe uma carta
misteriosa ordenando que vá até “a cabana” na qual o corpo da sua filha foi
encontrado. Apesar de suas dúvidas, Mack a caminho para o meio da mata do
Oregon, quase sofre um acidente, mas seguiu e na mata encontrou-se com três
pessoas enigmáticas. Só ao término do filme é que o espectador fica sabendo que o quase acidente foi real, tendo fica uma semana em coma, para o desenrolar do filme.
São
muitas as grandes questões da humanidade. Algumas delas fazem parte do nosso
ser e estamos o tempo todo a procura de respostas de alguma forma. O sentido da
vida é uma dessas perguntas, as razões pelas quais determinadas coisas acontecem
no mundo, especialmente com pessoas boas e outras questões existenciais.
Vale lembrar que as religiões têm algumas
respostas para muitas dessas perguntas. Se são respostas convincentes ou não,
tudo está ligado a fé de quem as pratica. Quanto maior a fé mais fácil torna-se
a aceitação. Quanto menos for a fé mais facilidades em rejeitar as
argumentações. Basta uma situação escabrosa
ou embaraçosa para que fiquemos em xeque, pois a vida é assim mesmo “cerca de
mistérios.
Ao
longo da jornada chamada "vida" são muitas
azáfamas, quedas enormes, muitos desencontros, angustias, mágoas e erros
diários. O bom de tudo isso, é que o objetivo de tantas agruras não é nos
aniquilar, mas sim nos fortalecer. Quando as coisas acontecem, e ainda assim
insistimos nos erros, outras mais surgem num efeito dominó, até que conseguimos
lá na frente, chegar ao ponto. Muitas vezes, isso pode levar uma eternidade.
Nem todos tem discernimento para mudar
(espiritualmente) tornando um humano melhor, de alguma forma.
No
filme “A Cabana”, acompanhamos uma fase de dificuldades na vida de Mack Philips
(Sam Worthington) e é claro por conseguinte o sofrimento da família com a morte
da caçula. O bacana é que a obra cinematográfica fala sobre amor, perdão,
alegria e muitos antagonismos. Talvez, o único problema mesmo seja o desenrolar
da trama que acaba por demandar um pouco de paciência dos cinéfilos de plantão.
O
filme é composto de momento de forma não-linear , mas que funciona bem. Os
fatos, devidamente amarrados. Tudo o que se passa no filme é verdade? Depende
mais do público aos argumentos do roteiro, propriamente dito.
Alguns
pontos que chamaram a minha atenção:
1)Demonstração
de fé abalável do Mark quando disse a filhinha que se está na bíblia deve ser
verdade.
2)Clareza
dos sofredores que enxergam tudo pelo buraco de sua própria dor.
3)Exemplo
de nosso egocentrismo de desejar tudo para nós mesmos.
4)Agrupamento
de preconceitos que são a raiz de toda amargura.
5)Somos
juízes duros para com outros, porém ficamos incapacitados de julgar a nós
mesmos.
6)Reencontro
com os seus mediante o diálogo sendo um o pilar do outro.
6)Importância
do perdão para aliviar a nossa própria alma.
De
acordo com o andamento do filme, o próprio personagem se faz descrente frente a
tudo que acontece, o que garante a sintonia com o público que não é convencido
facilmente. Também, depois de tamanha desgraça, Mack não consegue entender o
mundo, tampouco acreditar na existência de um ser superior ou Divino (Deus).
Por que? Por que “Meu Deus” permitiu que uma desgraça tão grande acontecesse
com uma inocente. Esse entendimento só foi possível, ainda que descrente,
depois de tudo o que presenciou (em tese) quando estava na mata com seres
enigmáticos, do ponto de vista filosófico.
Aos
poucos, Mark vai entendendo qual o propósito da vida e o porquê de alguns
acontecimento. Ato contínuo, o público também vai assimilando e discernindo
sobre a bondade e a importância do amor em nossas vidas. Não podemos negar que
além de emocionante o Filme ainda é recheado de argumentos
com boa consistentes que ajudam-nos na sustentação da fé que é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
“A
Cabana” conduz a plateia a
aprender de maneira ordenadamente didática as grandes lições de que
necessitamos para a melhor convivência. Trata-se de uma aula sobre amor, paz,
consciência, solidariedade e religiosidade. O interessante é que o filme em
nenhum momento tentou empurrar goela abaixo em nós a existência de milagres e
sim demonstrar pela simplicidade o melhor jeito de viver.
No
filme pudemos perceber muitas nuances com tons pastéis que pintam belíssimas
aquarelas, cenários mais densos como o do momento do encontro com a sabedoria ,
com tons acinzentados em cenários com muito brilho e até cenários quase
celestiais. A trilha sonora fluiu bem, como águas cristalinas.
Como
ator, Sam Worthington desempenhou com maestria o papel do Mark. A Octavia
Spencer (Oscar) também foi brilhante, deixando em nós a sensação de um Deus do amor e
legal e não um Deus carrasco e rancoroso.
Apesar
de ser um filme com bases firmes em histórias de vida após a morte, como já
tivemos “N” oportunidades de saber, ler e assistir, os exemplos sobre amor,
perdão, compreensão e paciência são sempre bem-vindos, num mundo onde muitos
dentem a seguir por direções contrárias.
A
Cabana, certamente vale a pena assistir. Eu recomendo. Trata-se de um filme que
estimula o nosso pensamento, discernimento e nos conduz a uma profunda
reflexão. É isso aí. (Samuel Lopes)