domingo, 23 de abril de 2017

A Cabana é um filme para melhorar o nosso pensamento reflexivo sobre a vida, as questões que nos afligem e a essência que faz parte de cada um de nós.

Considero-me um pouco chato quando o tema é cinema, especialmente de filmes baseados em obras literárias densas. Mas, não sei se baseado num momento ímpar de vida, a qual tenho vividos nos últimos tempos, ficou profundamente feliz com A Cabana. Deixando de lado a questão “Vida após a morte, que ficou bem clara, quero crer que a mensagem foi ao encontro do coração de tantos quantos tiveram a chance de assistir ao filme. Só para nos situarmos.

A Cabana conta a história de uma menina que foi  assassinada durante uma viagem em família, Mack Phillips (pai) entra em depressão profunda e passa a questionar suas crenças no desejo de saber a razão do acontecido, tendo em vista que o desaparecimento da menina deu-se justamente num momento em que estava realizado um enorme bem, salvando a vida de um menino que estava a beira da morte, num lago, quando o barco emborcou com a menino embaixo e por culpa da filha de Mark.

Em meio a uma crise de fé, muito comum a todos nós, ele recebe uma carta misteriosa ordenando que vá até “a cabana” na qual o corpo da sua filha foi encontrado. Apesar de suas dúvidas, Mack a caminho para o meio da mata do Oregon, quase sofre um acidente, mas seguiu e na mata encontrou-se com três pessoas enigmáticas. Só ao término do filme é que o espectador fica sabendo que o quase acidente foi real, tendo fica uma semana em coma, para o desenrolar do filme.

São muitas as grandes questões da humanidade. Algumas delas fazem parte do nosso ser e estamos o tempo todo a procura de respostas de alguma forma. O sentido da vida é uma dessas perguntas, as razões pelas quais determinadas coisas acontecem no mundo, especialmente com pessoas boas e outras questões existenciais.

 Vale lembrar que as religiões têm algumas respostas para muitas dessas perguntas. Se são respostas convincentes ou não, tudo está ligado a fé de quem as pratica. Quanto maior a fé mais fácil torna-se a aceitação. Quanto menos for a fé mais facilidades em rejeitar as argumentações.  Basta uma situação escabrosa ou embaraçosa para que fiquemos em xeque, pois a vida é assim mesmo “cerca de mistérios.

Ao longo da  jornada chamada "vida" são muitas azáfamas, quedas enormes, muitos desencontros, angustias, mágoas e erros diários. O bom de tudo isso, é que o objetivo de tantas agruras não é nos aniquilar, mas sim nos fortalecer. Quando as coisas acontecem, e ainda assim insistimos nos erros, outras mais surgem num efeito dominó, até que conseguimos lá na frente, chegar ao ponto. Muitas vezes, isso pode levar uma eternidade. Nem todos tem discernimento para  mudar (espiritualmente) tornando um humano melhor, de alguma forma.

No filme “A Cabana”, acompanhamos uma fase de dificuldades na vida de Mack Philips (Sam Worthington) e é claro por conseguinte o sofrimento da família com a morte da caçula. O bacana é que a obra cinematográfica fala sobre amor, perdão, alegria e muitos antagonismos. Talvez, o único problema mesmo seja o desenrolar da trama que acaba por demandar um pouco de paciência dos cinéfilos de plantão.

O filme é composto de momento de forma não-linear , mas que funciona bem. Os fatos, devidamente amarrados. Tudo o que se passa no filme é verdade? Depende mais do público aos argumentos do roteiro, propriamente dito.

Alguns pontos que chamaram a minha atenção:
1)Demonstração de fé abalável do Mark quando disse a filhinha que se está na bíblia deve ser verdade.
2)Clareza dos sofredores que enxergam tudo pelo buraco de sua própria dor.
3)Exemplo de nosso egocentrismo de desejar tudo para nós mesmos.
4)Agrupamento de preconceitos que são a raiz de toda amargura.
5)Somos juízes duros para com outros, porém ficamos incapacitados de julgar a nós mesmos.
6)Reencontro com os seus mediante o diálogo sendo um o pilar do outro.
6)Importância do perdão para aliviar a nossa própria alma.

De acordo com o andamento do filme, o próprio personagem se faz descrente frente a tudo que acontece, o que garante a sintonia com o público que não é convencido facilmente. Também, depois de tamanha desgraça, Mack não consegue entender o mundo, tampouco acreditar na existência de um ser superior ou Divino (Deus). Por que? Por que “Meu Deus” permitiu que uma desgraça tão grande acontecesse com uma inocente. Esse entendimento só foi possível, ainda que descrente, depois de tudo o que presenciou (em tese) quando estava na mata com seres enigmáticos, do ponto de vista filosófico.

Aos poucos, Mark vai entendendo qual o propósito da vida e o porquê de alguns acontecimento. Ato contínuo, o público também vai assimilando e discernindo sobre a bondade e a importância do amor em nossas vidas. Não podemos negar que além de emocionante o Filme ainda é recheado de  argumentos  com boa consistentes que ajudam-nos  na sustentação da fé que é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
“A Cabana” conduz  a plateia  a  aprender de maneira ordenadamente didática as grandes lições de que necessitamos para a melhor convivência. Trata-se de uma aula sobre amor, paz, consciência, solidariedade e religiosidade. O interessante é que o filme em nenhum momento tentou empurrar goela abaixo em nós a existência de milagres e sim demonstrar pela simplicidade o melhor jeito de viver.

No filme pudemos perceber muitas nuances com tons pastéis que pintam belíssimas aquarelas, cenários mais densos como o do momento do encontro com a sabedoria , com tons acinzentados em cenários com muito brilho e até cenários quase celestiais. A trilha sonora fluiu bem, como águas cristalinas.

Como ator, Sam Worthington desempenhou com maestria o papel do Mark. A Octavia Spencer (Oscar) também foi brilhante, deixando em nós a sensação de um Deus do amor e legal e não um Deus carrasco e rancoroso.

Apesar de ser um filme com bases firmes em histórias de vida após a morte, como já tivemos “N” oportunidades de saber, ler e assistir, os exemplos sobre amor, perdão, compreensão e paciência são sempre bem-vindos, num mundo onde muitos dentem a seguir por direções contrárias.
A Cabana, certamente vale a pena assistir. Eu recomendo. Trata-se de um filme que estimula o nosso pensamento, discernimento e nos conduz a uma profunda reflexão. É isso aí. (Samuel Lopes)