É incrível,
mas a forma como fomos criados é determinante para uma idade adulta mais
consciente, leve e feliz. A maneira como fomos criados e educados pode ser
determinante para uma vida simples e melhor, cheia de ética, de muita probidade, de
discernimento, de deliberações, de respeito aos seres e de moral. Obvio que as
maldades podem ser aprendidas e cultivadas de acordo com o meio futuro, mas
para a muito o senso do correto e do incorreto, ainda bate forte na alma. Claro
que ao longo de décadas nos acostumamos a levar vantagens pessoais em quase
tudo. Isso ocorre porque não raciocinamos. Se eu estou levando vantagem, o meu
próximo está perdendo. Se estou aproveitando-me de uma situação de desespero de
alguém, significa que estou levando vantagem em detrimento do sofrimento de outrem.
Até onde isso é moral ou ético. Conheço um cidadão que está sempre com dinheiro
na mão e vive aguardando as oportunidades para acabar de matar, quem já está
morrendo. Exemplo: você possui uma casa que vale meio milhão de reais. Seu
filho precisa fazer uma cirurgia no exterior que custa 300 mil reais. Para
vender a casa com urgência, você praticamente joga fora o imóvel. Rapidamente,
vai aparecer o compadre do capeta interessado em se locupletar da desgraça
alheia. Todos nós nascemos sem problemas existenciais e livre. Tudo o que
aprendemos tem como base, em princípio a educação dada pelos pais ou próximos.
Depois, numa segunda fase a educação de casa passa a receber a educação
acadêmica e todos os conceitos passam a ser confrontados com a educação das
ruas e depois na vida adulta com as relações de poder. Poucos são
incorruptíveis. A maioria, pode apostar, tem o seu preço. Dificilmente todo o
senso ético poderia sobreviver diante de uma avalanche de asseios e
convencimentos que partem em direção a nós, de todos os lados. Porém, para quem
tem princípios firmes, a corrupção do corpo pode ser mais difícil de se processar.
Este preâmbulo sobre valores é para que eu possa desembocar em outros
princípios tão raros de serem respeitados. Um deles é o princípio do respeito
humano e da bondade que deveriam ser virtudes natas do próprio ser. A violência
contra a mulher, que é tão comum e que jamais deveria ser, é uma atitude
extremamente repugnante para qualquer ser com o mínimo de capacidade
intelectiva voltada para o bem. A vezes temos a sensação de os humanos carregam
na alma uma besta fera, sempre pronta para agir com base no não raciocinar ou
na falta de hábito de contar até 10. A violência contra a mulher merece punição
mais rigorosa e as denunciam devem aumentar ainda mais. Sou contra violência
doméstica de quaisquer naturezas. Ainda sobre a educação recebida em casa,
outro fator enojador é o racismo. Como pode uma pessoa se sentir superior a
outra tendo como base a cor da pele? Como pode alguém ter a capacidade de criar
piadas discriminatórias das mais diversas por conta da cor da pele? Vale
lembrar que o racismo tem um fundo forte entranhado nos chamados brancos, por
conta de influências maléficas de preconceituosos, pois todos nascemos com a
consciência de somos humanos. Desejo que as diferenças étnicas e religiosas
tenham um fim por meio do respeito. A homofobia é outra prática lamentável
daqueles que se preocupam com uma suposta transgressão, ignoram as diferenças e
querem defender o indefensável por questões de identidade de gênero. Somos
livres, portanto nos é facultado ir e vir, fazer o que desejarmos, desde que
não haja ameaças as leis, que são capazes de balizar a melhor convivência. E
por fim, talvez a mais injusta de todas as agruras a que estamos expostos, a
desigualdade social continua sendo a responsável pelo caos humano, onde
pouquíssimos são donos de tudo e quase
todos são donos de nada.
Ainda bem que todas as diferenças são zeradas diante
de um túmulo sempre pronto a engolir a todos, sem dó, nem piedade. A diferença
estaria no pós-passagem. O que seria dos grandes, dos maldosos e dos injustos?
O que seria, hora em diante, dos oprimidos, discriminados e escravizados?