quarta-feira, 15 de junho de 2016

Os seios que amamentam um bebê são glândulas mamárias gerando vida saudável e não objeto sexual como muitos teimam em enxergar.

O  bom de viver algumas décadas de vida é pela oportunidade que temos de presenciar muitas coisas emocionantes e prazerosas. O ruim é a chance que temos de presenciar muitas coisas desastrosas, preconceituosas, horripilantes e de mal gosto. Hoje, quero abordar um tema que demonstra a quantos anos luz estamos da razoabilidade entre os seres. O meu tema é a amamentação em público. Dar de mamar em público é um ato que corriqueiramente causa discussão. Enquanto algumas pessoas acreditam ser uma exposição errada, outras defendem o direito de alimentar os bebês na hora em que eles precisam mamar, independente de onde a mãe esteja. Além disso, muitas mulheres têm vergonha da situação, já que desde cedo aprenderam que os seios são uma daquelas partes do corpo que devem ficar escondidas o tempo todo. Mas, afinal, o que é certo ou errado?
Esta foto postada nas redes sociais há algum tempo, foi causadora de uma polêmica quando uma internauta fez um comentário maldoso e absurdamente preconceituoso. O fato ocorreu justamente no mesmo dia em que o Ministério da Saúde anunciava medidas para incentivar a amamentação, regulamentando a publicidade de produtos que prejudicam o aleitamento materno. O tema ganhou destaque nas redes sociais, mas desta vez pelo fato de uma mulher criticar uma mãe dando de mamar enquanto pedalava, como vemos na cena e com a infeliz frase:"POBRE FAZENDO POBRICE!
Óbvio que a frase polêmia e preconceituosa gerou muitas protestos e comentários com o registro de milhares e  milhares de manifestações contra o preconceito e a fazer da amamentação como fonte de vida para o bebê e especialmente a amamentação em público. Hoje, existem leis que garantem o direito da mulher em amamentar o bebê em lugares públicos sem constrangimento, mas recordando-me de uma frase do meu saudoso avô, no final dos anos 60 que sempre fazia referência a ignorância das pessoas. Ele sempre dizia em alto e bom som:a ignorância vale mais que as leis. A exemplo dos grandes filósofos do nosso tempo, meu avô estava certo em sua observação que ainda é tão atual.

Só para que possamos ter uma ideia do nível de preconceito das pessoas em todo o mundo, uma pesquisa realizada em 10 países apontou que 47,5% das brasileiras afirmam que já sofreram preconceito por alimentar seus bebês na frente de outras pessoasPor mais que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde reforcem a recomendação da amamentação exclusiva até os 6 meses de vida e complementar até os 2 anos ou mais, as mães continuam sendo censuradas por esse incrível ato de amor, que só traz vantagens para as crianças - e que, do ponto de vista nutricional, é insubstituível. O fato é que quase sempre, mulheres preconceituosas são por acaso as mesmas que tanto criticam e muitas vezes desestimulam a prática por não terem embasamento científico algum e ainda pelas atitudes e palavras acabam por contrariar todas as pesquisas que relacionam o leite materno à prevenção do câncer, à proteção contra infecções, ao fortalecimento da imunidade, ao bom desenvolvimento do sistema nervoso e da musculatura facial do bebê, ao menor risco de obesidade e de diabetes, entre tantos outros benefícios que só o leite materno pode trazer.
Talvez você não saiba mas, como ninguém gostaria de comer em um banheiro, e os bebês, se pudessem falar, também diriam que não, é bom lembrar que, o banheiro é exatamente o refúgio para muitas mães amamentarem após terem sido repreendidas por fazê-lo em público, por conta do preconceito e do machismo de muitos.

O mais triste de tudo é saber que  o Brasil está no topo entre os países que mais censuram a mulher durante esse momento que estreita o vínculo entre entre mãe e filho - a média global é de apenas 18,1%. Também fizeram parte da pesquisa França, Alemanha, Colômbia, México, Turquia, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e China - lugar em que as mamães menos são criticadas por alimentar seus bebês na frente de outras pessoas, com 9,7% das entrevistadas, mas também o país em que apenas 19% vêem esse ato como algo natural e onde 38,3% das mulheres nunca deram de mamar aos seus filhos publicamente. Esse tipo de sentimento de uma mãe, como o retratado no gift...Nunca mais... Abaixo a ditadura machista.
Vale lembrar que O corpo da mulher (do homem ou da criança) é o arcabouço da nossa existência, o que nos permite estar no mundo como pessoa. Nem tudo é sobre sexo. A amamentação em público surge de uma demanda por alimento de uma criança que tem direito ao que é considerado o alimento mais completo para o seu desenvolvimento: o leite materno. E criança é prioridade absoluta como diz o artigo 227 da Constituição Federal.
Ainda assim, uma pesquisa de 2015 mostra que a maioria das brasileiras (55%) acha perfeitamente natural amamentar em público; 22% considera inevitável, 21% constrangedor e apenas 2% acha errado. O estudo conduzido pela Lansinoh foi realizado com 13.169 mães e gestantes em nove países no primeiro semestre de 2014. 

Esta foto foi feita em BH, fazendo referência aquelas mães que precisam utilizar o chamado lencinho nos espaços públçicos, para esconder a cena da amamentação, por conta dos ignorantes, fetichistas e preconceituosos. 
Há quem veja cena como esta como ternura e há quem faça uma leitura totalmente maldosa e até com conotações sexuais. É bom destacar que os seios são glândulas mamárias e não objeto sexual como muitos teimam em enxergar. No quesito seios x amamentação, estamos há anos luz dos povos indígenas. Deveríamos aprender mais com eles. No Wikipédia vamos encontrar que amamas (conhecidas popularmente também como seios ou peitos nos humanos e tetas nos demais animais), são a parte do corpo feminino de um mamífero que é responsável pela produção de leite para os bebês em seus primeiros meses de vida. Quanto a erotização é um assunto para a antropologia que não vem ao caso no momento.

Podemos concluir que o mundo machista, ainda que abalado pela força e pela coragem das mulheres, continua existindo. O mundo do preconceito dos mais variados tipos e estilos, continua existindo. Não devemos fechar nossos olhos para as injustiças e a falta de oportunidade para as pessoas. Nossa sociedade precisa rever muitos conceitos, pois todo o mal que existe possui como estopim, a própria sociedade que vem se tornando cada vez mais culta com a globalização e cada vez mais egoísta e mesquinha, onde a maioria de nós se preocupa com o próprio umbigo ignorando o que está a nossa volta que são os nossos semelhantes. Como é possível falar em vida boa com a alma vazia do espírito de caridade, fraternidade e solidariedade? Será que ao longo dos anos a tendência dos viventes do planeta é melhorar para a própria convivência ou piorar a ponto de saltar aos olhos o que já acontece. Uns matando os outros pela ganância e pela usura? Queira Deus, as pessoas consigam ser melhores dia a dia, exercitando o pensamento intelectivo para a melhor convivência.