domingo, 11 de fevereiro de 2018

Já fui um bom cinéfilo. Hoje, nem tanto! Apesar disso assisti no fim de semana a dois filmes. A Forma da água e 50 Tons de Liberdade. Uma trilogia que chega ao fim. Será? Tomara que sim. Ninguém aguenta esses tons. Se você assistiu ou pretender ir ao cinema, tudo bem. Se não viu e não quiser assistir, estará perdendo quase nada, a não ser alguma cenas de nudez da Atriz.

Estou aqui pensando. Qual dos 50 Tons é o pior? Se você está se fazendo a mesma pergunta, chegamos a empate. Difícil mesmo é saber qual foi o pior. Lançado em 2015, o filme 50 Tons de Cinza chegou aos cinemas pegando carona no grande sucesso literário de E.L.James, que tinha como característica principal a forte presença do sexo na história. Num cenário geralmente conservador, acabou chamando a atenção de quem buscava um programa, mais picante, baseado nos muitos comentários de quem havia lido o livro na ocasião. Dois anos depois foi a vez de 50 Tons Mais Escuros chegar às telonas, e agora temos a estreia do capítulo final da trilogia, 50 Tons de Liberdade.

Se o primeiro filme já era bem fraquinho, com um recheio enorme de cenas vagabundas de sexo mal começado e mal acabado, a coisa foi piorando nos episódios seguintes. Os conflitos foram perdendo sentido e, para piorar, havia pouca evolução narrativa nas histórias dos protagonistas e antagonistas, o que nem importou tanto, baseado no fato de a maioria estar interessada nas supostas novidades do mundo do sexo. Tudo o que vimos foi uma colagem barata de cenas eróticas com uma trilha musical xarope e insistente. Falando em colagem, o filme tem a coragem de inserir uma "retrospectiva de melhores momentos do casal" no final de tudo, coisa esquisita.

O longa começa praticamente onde terminou o anterior, seguindo com o casamento entre Ana e Christian. Casados, eles vão tentando adequar a vida juntos, ao mesmo tempo que ainda lidam com a ameaça do ex-chefe dela, que tem uma grande obsessão pela família Grey. Abandonando quase que por completo a história de Elena, a ex-amante de Christian, o longa fa a linha meia-boca.


James Foley segue a direção e confundi tudo tanto do ponto de vista visual, quanto com relação ao ritmo. A montagem realizada à seis mãos não ajuda, insistindo em pequenos cortes como forma de apresentar a passagem de tempo. Coisa de pedreiro que deu uma saidinha e deixou para o servente arrematar.

O roteiro de de 50 Tons de Liberdade é o pior de toda trilogia, com alguns diálogos e momentos completamente inócuos. Após o casamento, Christian leva Ana para a Lua de Mel em seu jatinho particular. A cena de Ana surpresa com o fato dele ter um avião foi patética. No terceiro filme, ela ainda não entendeu que ele é muito rico?  Todo o desenvolvimento do vilão Jack também é pobre, principalmente a história por trás, que aborda sua relação com ex-secretárias e assistentes, numa dinâmica de chantagem completamente invertida.

Por trás do que a autora entende como romance, há um comportamento machista permanente, de posse. E a obra é machista em vários sentido. É o caso quando Christian invade o escritório de Ana e fica enciumado, é o caso quando se revolta com a forma como a esposa se veste. É o caso quando o filme joga mulheres umas contra as outras, sempre brigando por homens. É o caso quando uma amiga de Ana, é tratada como louca ou temperamental ao desconfiar do namorada. 

E mais grave, com poucos minutos de filmes, logo após o casamento, já vemos uma cena em que a mulher faz uma referência deslocada e sem sentido a uma possibilidade de gravidez, mais uma vez reforçando estereótipos femininos. É muito comum as mulheres tentarem assustar os homens com papos de gravidez fora do casamento, porem tocar no assunto tendo acabado de se casar é um tanto patético. Quer algo mais clichês do que a mulher puxar uma conversa sobre gravidez e o homem não demonstrar interesse. Não faz sentido algum, até porque a personagem passa por um momento de afirmação em sua vida pessoal e profissional. Ela quer se manter independente do marido e mostrar seu valor no trabalho, o que também é patético. Imagine uma mulher de milionário, portanto milionária, ficar apegando a um empreguinho de quinta categoria e que ainda por cima tem chefe, do chefe, do chefe a hierarquia. Que coisa mais pobre! A desculpa da auto afirmação é uma furada, típica de filminho de quinta.


As cenas de sexo apresentadas são todas muito fracas. Beijos mal acabados, carícias mal finalizadas e rápidas e uma coisa odiosa do ponto de vista feminino. O cara mal chega e já vai penetrando. A demonstração de falta de habilidade para a arte do sexo é notável, em que pese ele tenha um corpo chamativo, por ser malhado. 

Na sala do sexo muitos objetos sado quem o ator nem sabe  da real utilidade. Usa apenas os triviais e fáceis de manipular como por exemplo as algemas e o batedor e na cena do sorvete que a própria Ana deu início e foi complementada pelo Christian na coxa deixou muito a desejar, sem falar que ele nem deu bola para os pezinhos da Anastassia ou melhor ainda da Dakota Johnson.

Outra coisa que chamou a minha atenção foi a força do ator que carregou a atriz no colo sem o menor esforço. Independente disso, a cena da porta do elevador se abrindo e ele com a Ana no Colo saindo foi algo bem estranho dentre tantas cenas igualmente esquisitas.

Embora a Anastasia esteja longe de alcançar uma liberdade por conta de uma certa obsessão do Christian que parece não ter fim, pelo menos nós, espectadores, estamos livres de quaisquer outros 50 Tons. Ou...não estamos livres? Coisa ruim costuma brotar do nada. 

Pra encerrar, muito lindo o menino que fez o papel de filho do casal Grey. Quem saiu rápido demais do cinema, quase não consegue acompanhar a cena campal, exibida antes dos créditos..