domingo, 11 de fevereiro de 2018

Fantasia, Drama, Romance, tudo num só filme dirigido por Guillermo del Toro. The Shape of Water, título original, foi o filme vencedor do Festival de Veneza 2017. Ví muitas críticas de entendidos e desentendidos. Os entendeidos elogiam, os desentendidos botam a boca no trombone e os apáticos simplesmente dizem que a expectativa era maior que o próprio filme. Muitos o comparam como sendo "água com açucar",


Ontem fui ao cinema assistir "A Forma da Água" e recomendo. Fantasia, Drama, Romance, tudo num só filme dirigido por Guillermo del Toro. The Shape of Water, título original, foi o filme vencedor do Festival de Veneza 2017. Ví muitas críticas de entendidos e desententidos. Os entendidos elogiam, os desentendidos botam a boca no trombone e os apáticos simplesmente dizem que a expectativa era maior que o próprio filme. Muitos o comparam como sendo "água com açucar", padrão sessão da tarde.

A forma da água é um filme que mostra a década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa vivida pela atriz Sally Hawkins, zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles papel interpretado por Richard Jenkins e à colega de turno Zelda interpretada por Octavia Spencer.

Na trilha um pouco de Carmem Miranda, um pouco da famosa canção Babaloo, um pouco de Andy Williams e também a famosa canção de muitos intérpretes "You never know". O filme é um convite ao escapismo. É isso o que Guillermo del Toro faz com esta produção de cativante beleza, interpretada por um elenco afiadíssimo.
A história é apresentada como uma fábula, protagonizada por uma "princesa sem voz". Sally desenvolveu o papel de maneira brilhante. Uma atriz de beleza bem diferente da convencional.
Quando os americanos decidem usar o monstro como cobaia na corrida espacial ,entraem cena o agente policial moralista e sádico Strickland vivido por Michael Shannon. Mas a vida do "visitante" corre perigo. Eliza vai acionar o amigo e vizinho Giles e a companheira de trabalho Zelda, a quem cabe as falas mais divertidas para ajudá-la em um elaborado plano.
Muda sim, mas nem por isso infeliz, a faxineira Eliza Esposito sempre hipnótica trabalha numa base secreta do governo dos Estados Unidos, que inclui um laboratório comandado pelo doutor Hoffstetler interpretado por Michael Stuhlbarg. Uma criatura capturada nos confins da América do Sul é levada para o laboratório. Pouco a pouco, Eliza vai se afeiçoando a criatura. Como diz o ditado, quem ama o feio, bonito lhe parece.
Guillermo vai ainda mais além, inserindo componentes… “picantes” que conferem ainda mais camadas a esse complexo e maduro microcosmos de personagens. É Shrek para maiores, se você preferir. Maiores de idade e evoluídos em maturidade.
Para o brilhante Guillermo Del Toro, não basta o preciso uso de todos os aspectos do cinema em confluência para um bem comum. Além da trilha que remete os mais experintes ao saudosismo, fica o destaque para o tom fluido azul esverdeado do lindo trabalho do diretor de fotografia Dan Laustsen. Eliza e Giles, um pintor fracassado, são fãs de musicais, cujo glamour servia como válvula de escape para a rotina de uma gente sonhadora. O elemento é aproveitado com maestria pelo roteiro assinado por del Toro e Vanessa Taylor.




A relevância do filme não seria possível, sem a sutileza da interpretação de Sally Hawkins, subaproveitada estrela de Simplesmente Feliz de 2008, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por Blue Jasmine. Embora ninguém diga abertamente, para os padrões de Hollywood, Hawkins poderia ser considerada “feia”. Justo ela, que no filme diz com simples gesto páginas e mais páginas de texto, em comparação a muita “bonita” bajulada pelo cinema americano”.

Nada é aleatório no filme, Guillermo del Toro usa todas a ferramentas do cinema para criar um universo mágico, cheio de alegorias, que ilumina aqueles que não se encaixam. Se algum dia você já sentiu só no mundo, essa é a sua praia. no caso do filme a máxima seria: esse é o seu tanque.