Carnaval é uma das maiores manifestações culturais que existe no planeta. No Brasil, quando as festas ocorrem, em fevereiro ou março, o país literalmente para. Suas raízes por aqui são antigas, mas o Carnaval surgiu de um conjunto de fatores internos e externos. Por este motivo, vamos conhecer 25 curiosidades históricas do Carnaval.
– Na Roma Antiga, para homenagear o Deus Saturno, havia uma festa chamada Saturnais. As escolas ficavam fechadas e as pessoas saíam às ruas para dançar. Carros (chamados de “carrum navalis” por serem semelhantes aos navios) levavam homens e mulheres nus em desfile. Talvez daí a expressão “carnavale“.
– Outros especialistas afirmam que o nome da festa vem da expressão latina “carnem levare“, que quer dizer “adeus à carne”, já que representava os últimos dias antes da Quaresma, período em que o consumo de carne é proibido aos cristãos.
– A Igreja Católica se opunha a esses festejos pagãos, mas, em 590, decidiu reconhecê-los. Exigiu, porém, que o dia seguinte (Quarta-Feira de Cinzas) fosse dedicado à expiação dos pecados e ao arrependimento.
– A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma (40 dias de abandono dos prazeres), e tem esse nome porque havia o costume de se marcar a testa dos fieis com as cinzas de uma fogueira em sinal de penitência.
– O Carnaval foi aos poucos mudando de cara. Na Idade Média, incluía sátiras aos poderosos. Os foliões se protegiam de possíveis retaliações com a desculpa de que a festa os deixava loucos (“folia”, em francês, significa loucura).
– Uma das mais antigas formas de Carnaval é o entrudo, cujo primeiro relato se deu em Pernambuco, em 1553. Trata-se de uma brincadeira de influência portuguesa, em que os foliões se sujam uns aos outros atirando polvilho, pó-de-sapato, farinha de trigo ou limões-de-cheiro (limões recheados de água e urina).
– O primeiro baile carnavalesco do Brasil ocorreu no Largo do Rocio, no Rio de Janeiro (RJ), em 1840. Foi uma iniciativa de uma atriz italiana que queria reproduzir o Carnaval de Veneza.
– O primeiro bloco organizado brasileiro foi o Congresso de Sumidades Carnavalescas, fundado pelo escritor José de Alencar em 1855. Nessa época, a folia era vinculada às elites. Os desfiles eram luxuosos, compostos por carros bem ornados, mulheres bonitas e grupos musicais estruturados.
– Em 1892, o extinto Ministério do Interior tentou mudar a data da festa para 26 de junho. Segundo eles, tratava-se de um mês mais saudável. O povo aproveitou o ano para fazer dois carnavais. Algo parecido ocorreu em 1912. A folia foi transferida por causa da morte do Barão do Rio Branco.
– Inspirados nos bailes de máscara do Carnaval de Veneza, os desfiles de fantasia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro começaram em 1937. Clóvis Bornay foi o vencedor do primeiro concurso com a fantasia Príncipe Hindu. O concurso durou até 1972.
– O lança-perfume foi trazido da França em 1906. Era feito com perfume e cloreto de etila. Até o final dos anos 50, o máximo da ousadia era espirrar um jato gelado nas pernas das moças. Não se sabe quem inventou a moda de cheirá-lo, mas em 1961 o presidente Jânio Quadros proibiu o seu uso.
– O primeiro Rei Momo foi instituído pelo jornal carioca A Noite, em 1933. O eleito foi o músico Silvio Caldas, que, por sinal, era magérrimo. Atualmente, um comitê escolhe o monarca da folia com base em quesitos como desembaraço, sociabilidade, facilidade de expressão, simpatia e espírito carnavalesco.
– A principal festa do carnaval fora de época brasileiro é a micareta, regada de axé music. Entretanto, não foi o Brasil que a inventou. A festa vem da França do século XV, onde era conhecida como “mi-carême” (“meio da quaresma”). O evento acontecia durante os 40 dias de penitência impostos pela Igreja Católica.
– A primeira micareta brasileira ocorreu no início do século XX, em Jacobina, interior da Bahia. O nome “micareta” surgiu em 1935, depois de um plebiscito feito pelo jornal “A Tarde”. Fora da Bahia, a primeira que se tem notícia é a Micarande, realizada em Campina Grande, na Paraíba, em 1989.
– O abadá, roupa usada pelos micareteiros, tem sua origem na cultura afro-brasileira. Os abadás eram as vestimentas usadas nas celebrações do candomblé. Mais tarde, o termo passou a designar a roupa dos capoeiristas.
– Em 1928, o compositor Ismael Silva reuniu os principais sambistas do bairro carioca do Estácio. Eles formavam uma roda de samba em frente à antiga Escola Normal. Por isso o nome “escola de samba”. Fundada oficialmente em 12 de agosto de 1928, ela foi batizada de “Deixa Falar”.
– A “Deixa Falar” já apresentava o casal que empunhava a bandeira do grupo, conhecida como pavilhão. O mestre-sala e a porta-bandeira são remanescentes dos antigos ranchos, grupos anteriores à escola de samba. Essa tradição chegou a São Paulo no ano de 1935.
– Em 1969, a Salgueiro anunciou o enredo “Bahia de todos os deuses”. Os torcedores entraram em desespero, pois dizia-se naquela época que enredos sobre a Bahia davam azar. As crenças foram por água abaixo. A Salgueiro foi a campeã.
– Diferentemente do frevo e do samba – de caráter popular -, as marchinhas de carnaval surgiram como ritmo executado prioritariamente nos salões cariocas do final do século XIX. Elas tiveram sua ascensão ao mesmo tempo em que a classe média aumentou sua participação nos carnavais de rua.
– A marchinha Jardineira foi composta em 1938 e apareceu na comédia musical “Banana da Terra” (1939), que tinha no elenco Carmen Miranda, Oscarito e Emilinha Borba. Seu compositor, Benedito Lacerda, era flautista e policial militar. Humberto Porto, que também assina a composição, era estudante de Medicina.
– O nome samba vem de uma língua africana chamada banto, falada em Angola. Há duas versões para sua origem: ou ele deriva do termo semba (bater umbigo com umbigo), devido uma dança de escravos chamada umbigada; ou é uma junção de sam (pagar) e de ba (receber).
– A palavra samba foi utilizada pela primeira vez em 1838, pelo frei Miguel do Sacramento Lopes da Gama. O nome apareceu em uma quadrinha publicada na revista pernambucana “Carapuceiro”. Na ocasião, o termo foi usado para distinguir um dos tipos de música introduzidos pelos escravos africanos.
– Na década de 1920, o samba começou a se firmar no mercado cultural do Rio de Janeiro. Surgiam as primeiras indústrias nacionais de discos, e os bailes carnavalescos estavam em alta. Os compositores Sinhô e Caninha foram os primeiros a entrar na cena.
– Em 1930, surgem Noel Rosa e Ary Barroso, que levam o ritmo popular às classes médias. É também nessa época que são criadas variações do samba como samba-canção, samba-choro, samba de breque e samba-enredo.
– O sapateiro português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira, saiu pelas ruas tocando bumbo em 1848. Pessoas foram se juntando a ele e deram origem aos blocos de rua. O desfile de blocos de rua durante o Carnaval carioca foi autorizado apenas em 1889.