Clarice Lispector (1920-1977) foi uma escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira. Nasceu em Chechelnyk, na Ucrânia, mas chegou ao Brasil com apenas dois meses de idade, fixando-se em Recife e depois em várias outras cidades do país.
Sua família era de origem judaica, e o contexto de sua infância e juventude foi marcado por acontecimentos como a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a perseguição aos judeus na Europa.
Clarice Lispector foi uma autora prolífica, escrevendo contos, romances e crônicas. Sua escrita é caracterizada por uma prosa poética e introspectiva, em que explora as questões da existência, a subjetividade humana, a solidão, o feminino e o mistério da vida.
Dentre suas obras mais conhecidas estão o romance "Perto do Coração Selvagem" (1943), sua estreia literária que a consagrou como escritora; "A Hora da Estrela" (1977), seu último romance e uma das obras mais aclamadas da literatura brasileira; e "Laços de Família" (1960), uma coletânea de contos que é considerada uma das melhores do século XX.
Clarice Lispector também atuou como jornalista e colunista em diversos veículos de comunicação, incluindo o Jornal do Brasil, onde suas crônicas semanais ganharam grande popularidade e notoriedade.
Sua escrita é marcada por uma busca constante pela autenticidade e pela compreensão do ser humano. A autora aborda temas profundos e complexos, mergulhando na interioridade de seus personagens e trazendo reflexões filosóficas e existenciais em sua obra.
Clarice Lispector é considerada uma das grandes escritoras da língua portuguesa e uma das principais vozes da literatura brasileira e latino-americana. Sua obra é estudada e admirada por leitores e críticos em todo o mundo, e seu legado literário continua a inspirar e tocar a vida de milhares de pessoas. Sua escrita única e sua capacidade de explorar a alma humana fazem dela uma figura atemporal na literatura brasileira.
Um dos textos mais famosos de Clarice Lispector é o conto "Felicidade Clandestina", publicado originalmente em 1971. Neste conto, a autora narra uma história de infância com uma narrativa sensível e poética, abordando temas como o desejo, a amizade e a busca pela felicidade.
O conto "Felicidade Clandestina" retrata a história da protagonista, uma menina tímida e introspectiva, que é profundamente fascinada por uma colega de classe que possui um livro que ela tanto deseja ler. A colega é mais velha e aparenta uma postura arrogante, mas a protagonista a admira intensamente e, ao mesmo tempo, a inveja pela posse do livro que tanto anseia.
A menina decide então criar um plano engenhoso para conseguir o livro emprestado, e assim ter a oportunidade de lê-lo escondida, sem que a colega perceba sua vontade intensa. O conto retrata a experiência da protagonista, a intensidade dos sentimentos da infância e a descoberta de um mundo novo através da literatura.
A história aborda a complexidade das emoções humanas, especialmente na infância, onde os desejos e as relações são permeados por uma ingenuidade genuína. A prosa poética e a introspecção característica de Clarice Lispector tornam o conto um retrato profundo da psicologia humana, tocando o leitor em um nível emocional e profundo.
"Felicidade Clandestina" é uma das obras mais conhecidas e amadas de Clarice Lispector e é frequentemente estudado em escolas e universidades. Sua narrativa envolvente e a reflexão sobre a infância e os anseios da alma humana fazem desse conto uma representação poderosa da genialidade literária de Clarice Lispector.
