Manuel Bandeira (1886-1968) é, sem dúvida, um dos maiores nomes da literatura brasileira do século XX. Ele nasceu no Recife, Pernambuco, e enfrentou uma série de desafios ao longo de sua vida, incluindo a tuberculose que o afetou desde jovem.
Bandeira foi um poeta modernista, conhecido por sua linguagem simples e direta, mas cheia de emoção e sensibilidade. Sua poesia aborda temas como o cotidiano, a infância, o amor, a solidão, a doença e a morte, com uma profundidade e introspecção que tocam o coração dos leitores.
Sua obra mais conhecida é o livro "Estrela da Manhã" (1936), que reúne alguns de seus poemas mais importantes. Nele, Bandeira mostra seu lirismo singular e sua capacidade de transformar o comum em extraordinário, com uma linguagem poética delicada e tocante.
Além de poeta, Bandeira também foi cronista, ensaísta e professor. Ele ocupou a cadeira número 24 da Academia Brasileira de Letras, onde deixou um importante legado literário e cultural.
A tuberculose, que o acompanhou por toda a vida, deixou marcas profundas em sua obra. A doença e a fragilidade humana são temas recorrentes em sua poesia, revelando a maneira como ele encarava a vida e a morte com uma mistura de tristeza, resignação e esperança.
O estilo único e a sinceridade emocional de Manuel Bandeira o tornaram um dos poetas mais queridos e admirados do Brasil. Sua obra continua a ser lida e estudada por gerações de leitores, e sua contribuição para a literatura brasileira é inestimável. Ele é lembrado como um mestre das palavras, um observador atento da vida e um poeta que tocou o coração de milhares de pessoas com sua poesia única e envolvente.
Um dos poemas mais famosos de Manuel Bandeira é "Vou-me embora pra Pasárgada". Neste poema, Bandeira expressa o desejo de fugir da realidade e se refugiar em um lugar imaginário, onde seus sonhos e desejos se tornariam realidade. O poema é um exemplo da linguagem simples e emotiva característica do autor. Confira abaixo o poema:
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive
E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcaloide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada.
Este poema reflete a busca por um lugar idealizado, onde os problemas da vida real são deixados para trás e o poeta pode ser quem ele realmente quer ser. A utopia de Pasárgada representa a fuga da realidade e a busca por uma vida mais plena e feliz. É um dos poemas mais amados e celebrados de Manuel Bandeira, e sua linguagem simples e envolvente o torna acessível a leitores de todas as idades.