João Guimarães Rosa (1908-1967) foi um dos maiores escritores brasileiros do século XX. Nasceu em Cordisburgo, no estado de Minas Gerais, e estudou Medicina, tornando-se médico, professor e diplomata ao longo de sua carreira.
A obra literária de Guimarães Rosa é marcada por uma linguagem inovadora e um estilo literário singular. Ele é conhecido principalmente pelo romance "Grande Sertão: Veredas", publicado em 1956. Esse livro é considerado uma das obras mais importantes da literatura brasileira e uma das maiores expressões do modernismo literário no Brasil.
"Grande Sertão: Veredas" é uma narrativa complexa e densa, que se passa no sertão de Minas Gerais e aborda temas como a vida no interior, a cultura popular, a violência, a religiosidade e as relações humanas. O livro é narrado por Riobaldo, um jagunço e personagem principal da história, que compartilha suas experiências, reflexões e conflitos existenciais.
A linguagem de Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas" é uma das características mais marcantes do romance. Ele criou um idioma próprio, com palavras e expressões do sertão e do linguajar popular, o que torna a leitura desafiadora e enriquecedora ao mesmo tempo. Sua prosa poética e inventiva despertou grande admiração e influenciou diversos escritores brasileiros posteriores.
Além de "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa também escreveu outros livros e contos, como "Sagarana", "Corpo de Baile" e "Primeiras Estórias", todos com histórias ambientadas no sertão brasileiro e com personagens profundos e envolventes.
A escrita de Guimarães Rosa é uma celebração da diversidade linguística e cultural do Brasil, e ele é considerado um dos grandes mestres da literatura universal. Sua obra é estudada e admirada por leitores e estudiosos em todo o mundo, e seu legado literário continua a inspirar e influenciar a literatura brasileira e internacional até os dias atuais.
Um dos textos mais famosos de Guimarães Rosa é o conto "A Terceira Margem do Rio", presente na coletânea "Primeiras Estórias", publicada em 1962.
Neste conto, o narrador relata a história de um homem que, sem explicação aparente, decide abandonar sua família e sua vida cotidiana para viver em uma canoa, no meio do rio. Ele constrói sua morada na água e se afasta da margem, permanecendo ali, apenas com a companhia de uma serpente.
Através dessa história, Guimarães Rosa aborda temas profundos, como o desejo humano de busca por significado e transcendência, a relação entre o homem e a natureza, e as escolhas e dilemas que enfrentamos ao longo da vida. O conto evoca um sentimento de mistério e reflexão, convidando o leitor a interpretar simbolicamente as ações do personagem e a buscar compreender as diversas camadas de significado presentes na narrativa.
"A Terceira Margem do Rio" é considerado uma das obras-primas de Guimarães Rosa, e sua linguagem poética e rica em significados é uma marca característica do estilo literário do autor. Ele explora a linguagem e cria neologismos e expressões únicas, o que torna sua escrita desafiadora e, ao mesmo tempo, fascinante para os leitores.
O conto é um exemplo emblemático do talento de Guimarães Rosa em desvendar a alma humana e explorar questões existenciais de forma profunda e original. Sua literatura é amplamente estudada e admirada, e ele é considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa e um dos principais expoentes da literatura brasileira. "A Terceira Margem do Rio" é uma das joias literárias que compõem a rica e impactante obra desse grande mestre da escrita.