Ela, uma senhora solitária, envolta na dor do luto desde a morte do marido, habitava sozinha numa casa com varanda e cadeira de balanço. Todas as manhãs, o entregador de jornais, um garoto de uns 10 anos, lançava o jornal nos degraus da varanda, acertando sempre com precisão.
Numa manhã de inverno, ao se preparar para lançar o jornal, ele a viu parada nos degraus, acenando para que se aproximasse. Curioso, ele desceu da bicicleta e foi até ela, imaginando se receberia alguma reclamação.
Entretanto, a senhora convidou-o para um café com biscoitos gostosos. Enquanto saboreava o lanche, ela começou a compartilhar sobre seu marido, suas vidas e saudade. O garoto, surpreso, voltou no dia seguinte, repetindo-se nos dias seguintes.
Intrigado, ele compartilhou a história com seu pai, que sábio, explicou que a senhora Almeida deve estar se sentindo solitária e que ouvi-la pode aliviar seu coração. O garoto seguiu o conselho, tornando-se um ouvinte dedicado.
Com o tempo, a primavera trouxe mudanças nas conversas, substituindo o café por suco de frutas e o inverno pelo sorvete. Quando o menino partiu para estudar em outra cidade, a senhora Almeida floresceu como na primavera.
Embora nunca mais se encontrassem, a lição de ouvir as pessoas e compreender suas dificuldades acompanhou o garoto por toda a vida, contribuindo para seu sucesso como esposo, pai e profissional.
Saber ouvir é uma virtude muitas vezes esquecida. Ao cumprimentarmos uns aos outros, raramente esperamos por respostas além de "tudo bem". No entanto, quando sentimos tristeza, desejamos ardentemente que alguém nos ouça, compartilhando nossas mágoas. Pensemos nisso, enquanto caminhamos junto aos nossos irmãos na estrada terrena.