Dois pesos e duas medidas. Muitos morrem e são absurdamente badalados enquanto outros, nem de uma notinha no Jornal. É assim mesmo?
Dois pesos e duas medidas para exercitamos o nosso pensamento reflexivo. A vida de um vale mais que a outro? A morte de um é mais fantástica que a do outro? Um é 10 e outro e 0 a esquerda? Essa cultura de supervalorização de uns e nada de mídia a outros é tão comum que a maioria nem estranha mais. Quero abordar um assunto que causou indignação principalmente para quem mora no RGS. No brasil da cultura duvidosa. nem precisamos citar os exemplos desta semana para chegarmos a uma conclusão. Quantas e quantas personalidades nós já perdemos ao longo dos anos? Certamente muitas. Escritores, Artistas, Empresários, Gente da alta sociedade, Formadores de opinião e por aí vai....A vida é assim, passageira. Somos os únicos seres que sabemos da nossa finitude. Quanto aos veículos de comunicação os pesos e as medidas variam. Esta semana, perdemos muitas pessoas mas duas em especial chamaram a nossa atenção. Curiosamente, morreram no mesmo dia dois artistas, um deles Antonio Augusto Fagundes formado em direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e mestre em Antropologia Social, reconhecido na cultura gaúcha, premiado diversas vezes como poeta, novelista, compositor, autor e ator de teatro, televisão e cinema. É respeitado como autoridade em folclore gaúcho, história do Rio Grande do Sul, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária do Rio Grande, cozinha gauchesca e danças folclóricas. Apresentou por mais de 30 anos o programa Galpão Crioulo, foi o autor de O Canto Alegretense, que é talvez a canção mais conhecida em todo o sul do brasil. A propósito, adoro o Canto Alegretense. O outro Artista Cristiano Araújo ficou conhecido no brasil inteiro por fazer um sucesso com uma música cujos versos eram bará bará bará, berê berê berê. No brasil da cultura da duvidosa o primeiro não teve seu nome citado em nenhum grande noticiário da TV brasileira, o falecimento do segundo apareceu no Bom Dia Brasil, na Ana Maria Braga, na Fátima Bernardes, no Jornal Hoje, no Jornal Nacional, no Jornal da Globo, nos jornais da Record, da Band e na Globo News. Não quero dizer com isso que o Cristiano não deveria virar notícia, mas o Fagundes sequer ser citado, foi demais. No brasil é assim mesmo, a cultura vem sendo jogada de lado dando lugar a imediatismos de sucessos que a mídia consagra de gosto relativo ou duvidoso. Sem julgar o mérito dos Artistas que perdemos, pois cada um deles teve a sua importância como seres humanos, pois um era famoso e outro importante, fica aqui uma pergunta para os veículos que adoram sensacionalismo. Ao que me consta estamos em velocidade máxima e ladeira abaixo quanto o assunto é a banalização da vida. Estamos ou não estamos? Uma coisa é fato...até hoje não entenderam o que o Zeca Camargo escreveu. Mesmo o texto sendo explicado, ainda assim, mentes medianos não conseguiram digerí-lo. Vários Professores de filosofia aconselhariam as pessoas que tem teto intelectual, para que voltem ao seu futebol ou cervejinha que o mundo continua.
Antônio Augusto Fagundes depois de tantos feitos pela nossa cultura é tratado pela mídia nacional como um verdadeiro Zé dos Anzóis...